Depois surge uma semelhança,
nasce o primeiro êxito, que a criança repetirá até o automatismo.
Seguir-se-ão outras tentativas, obter-se-ão outros êxitos, as tentativas
falhadas serão automaticamente abandonadas (FREINET, 1977, p. 23).
Outro autor que também
respeito pelos seus estudos, Lowenfeld (1977) me faz crer o quanto
sentem-se felizes as crianças enquanto desenham e quantas possibilidades
os educadores atentos têm quando sentam-se junto delas. Ás vezes ouço
pequenas histórias, músicas delas enquanto desenham. Um momento de puro
prazer, sem dúvida alguma.
O desenho representa muito
mais que um exercício agradável, no período infantil. É o meio pelo qual
a criança desenvolve relações e concretiza alguns dos pensamentos vagos
que podem ser importantes para ela. O desenho livre torna-se uma
experiência de aprendizagem. (LOWENFELD, 1977, p. 159).
É importante que não
coloquemos os carros na frente dos bois, ou seja, que não hajam regras
para que a imaginação aliada à coordenação motora se desenvolvam e
permitam os riscos, rabiscos garatujas infantis.
[...] por este processo sem
regra preestabelecida, sem cópia de modelos, sem qualquer explicação
exterior, a criança atinge experimentalmente o domínio do desenho”
(FREINET, 1977, p. 28).
Há uma certa experiência
própria que venho contextualizando através de pesquisas e ações sobre o
desenho infantil: Em 2010, numa turma de crianças de 4 a 6 anos me
deparei com uma garotinha já com quase seis anos que me parecia
desmotivada ao desenho. Mas como assim, pensei? Sempre incentivei o
desenho livre às minhas crianças, então um belo dia precisávamos da
ilustração de uma galinha para um plano de trabalho e ela num primeiro
momento entusiasmou-se em ser a ilustradora, mas na hora “H” disse: _”Eu
não sei desenhar galinha”. Para que o seu entusiasmo não se perdesse,
para que o senso de responsabilidade fosse ali cumprido, para que a
solidariedade dela com a turma trouxesse sucesso ao plano de trabalho
sentei-me com ela e perguntei se já tinha visto uma galinha e ela disse
que sim, que conhecia galinhas. Então, peguei uma folha de papel e lápis
coloridos e disse a ela que tentássemos desenhar. Sem pensar em regras e
técnicas de desenho fui fazendo algumas indagações: “A galinha tem
cabeça, corpo, patas”? É grande a sua cabeça, quantas patas ela tem,
como é a sua boca? E outras mais, pausadamente. Pedi então que ela
começasse a galinha como ela lembrava-se ao tê-la visto. E não é que a
galinha “nasceu”? Nasceu também um sorriso grande no rostinho desta
menina: um sorriso de satisfação, sucesso, autoestima. Freinet (1977) e
Lowenfeld (1977) estão absolutamente corretos quanto ao automatismo, o
sucesso fortalecido, a tarefa agradável que é o ato de desenhar e como
contribui para a concretização de pensamentos e por consequência, de
conhecimento e aprendizados.
Portanto, o método da expressão
livre, conforme afirma Freinet (1977) não é uma simples fórmula de arte
espontânea onde o educador se limita a observar e a deixar seguir. O
educador precisa intervir, mediar, incentivar e assim motivar as
crianças em todo aprendizado. Afinal como pedagoga o que mais me encanta
é a sensação de conduzir as crianças, rumo a novos horizontes,
pensamentos, aprendizados, ou seja, de dever cumprido e incessante no
cotidiano escolar.
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REFERÊNCIAS
FREINET, Célestin. O Método Natural II – A aprendizagem do Desenho. Lisboa, Editorial Estampa,1977.
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
STACH, Karin. Conte outra vez: Contos Rítmicos. São Paulo, Editora Antroposófica, 2012





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